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No limbo da religião

Cristianismo - 23/10/2013 - Agora, é bom não confundir as coisas: não ser católico, nem protestante, não significa que sou contra ambos. Pelo contrário, por não me identificar plenamente com nenhum dos lados, acabo não enxergando nenhum deles como inimigo. Melhor ainda, me sinto parte, de alguma forma, de ambos.


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Dos leitores deste blog, eu não sei dizer se a maioria é católica ou protestante. E apesar de eu mesmo não ser católico, às vezes tenho a impressão de que mais católicos acompanham o que eu escrevo do que pessoas de outras vertentes cristãs. "E como isso é possível?", perguntariam alguns.

Há pessoas, como um leitor que se manifestou em meu artigo Guerra santa sem contexto, que chegam a insinuar que me mantenho em cima do muro, vacilante quanto às minhas convicções. Acreditam que eu deveria simplesmente escolher um lado e fincar os meus pés nele.

O problema é que se eu fizesse isso, teria que marcar posição fora de ambos os lados. Pois, se não sou católico, mesmo tendo crescido no meio Reformado, não me identifico com boa parte dos preceitos da Reforma. E o pior, é que mesmo o pentecostalismo não me atrai a ponto de me definir como tal.

Mas antes que alguns apressadinhos comecem a lançar suas pedrinhas de inconformismo, deixem eu explicar minha posição diante do cristianismo e suas variações.

Não sou católico, pois, apesar de reconhecer as grandes obras do catolicismo, de reconhecer seu pensadores, sua força e sua importância para a sobrevivência do cristianismo, entendo que sua existência milenar sufocou-o. Sim, o catolicismo hoje é um emaranhado de doutrinas e penduricalhos que mais confundem do que ajudam na compreensão da verdade cristã. Talvez eu pudesse ser católico até o Concílio de Trento, mas depois dele muitos dos dogmas que foram agregados, por causa da concepção cristã que possuo, me impedem de ser católico.

Mas isso não me torna, automaticamente, protestante. Creio que a essência da Reforma foi interessante: a simplificação do culto e da religião. Acredito, sinceramente, que este é o caminho da espiritualidade. Mas, apesar disso, a própria Reforma criou seus dogmas, seus preceitos, sem contar que absorveu boa parte da própria doutrina católica.

O problema é que, principalmente no Ocidente, fora dessas duas instituições, a católica e a protestante, não há uma definição clara para quem é cristão. Inclusive, muitos leitores me perguntam: "você é católico ou protestante?", já considerando que não existam opções além dessas duas.

Agora, é bom não confundir as coisas: não ser católico, nem protestante, não significa que sou contra ambos. Pelo contrário, por não me identificar plenamente com nenhum dos lados, acabo não enxergando nenhum deles como inimigo. Melhor ainda, me sinto parte, de alguma forma, de ambos.

Sempre brinquei com meus amigos que talvez eu seja o mais católico dos protestantes e o mais protestante dos católicos. E isso, ao invés de me angariar menos conflitos, na verdade me coloca sob o fogo cruzado e, muitas vezes, recebo tiro dos dois lados.

O que peço para os meus leitores é que, antes de me criticarem como, talvez, um heterodoxo, aguardem alguns escritos meus nos quais explicarei mais minhas concepções teológicas e meus entendimentos doutrinários. O cristianismo é, ao mesmo tempo, simples em seus objetivos, mas, por causa da riqueza de sua história e realidade, cheio de complexidades. Portanto, toda tomada de posição leviana é perigosa.

De qualquer forma, a vantagem de estar na posição que me encontro é que não preciso fazer esforços mirabolantes para defender os erros das instituições, como tenho visto alguns amigos fazerem ardentemente. Tanto a história católica, como a protestante, possui erros e acertos. De qualquer forma, Cristo continua a ser pregado. Por que, então, não lançamos fora o que é desvio e retemos aquilo que é bom?

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Gostaria de conhecer um pouco mais meus leitores. Você pode me ajudar? Preencha o formulário abaixo e me diga como você define sua religião: