Ideologia Desmascarada - 17 de junho de 2013
Fui às ruas. Marchei ao lado de
jovens que, como eu, reclamavam por algo
que não sabíamos bem o que era, mas que tínhamos por certo. Fui, porque alguns,
um pouco mais velhos que eu, diziam que esse era o caminho, essa era a solução.
No sentíamos parte de uma grande revolução, algo inédito no país. Deixei por
duas vezes minha sala de aula e corri para o meio da multidão. Ali, um
paradoxo: eu era ninguém e ao mesmo tempo sentia-me parte de tudo. Para uma
geração perdida como a minha, fazer parte daquilo dava, de alguma forma,
sentido à existência.
O que eu não sabia é que estava
sendo manipulado. E como saber? Não tinha ideia de como os Centros Acadêmicos
estavam infiltrados de militantes esquerdistas, que, por sua vez, trabalhavam
para seus líderes partidários. E mesmo que soubesse, faria tudo de novo, pois,
para mim, a esquerda era a única defensora da verdade e dos sonhos.
Isso porque cresci ouvindo que
passeatas, mobilizações, comícios e aglomerações eram sinal de que ali se
encontravam homens de elevada nobreza, pois seus atos demonstravam preocupação
pública, momentos que as pessoas mais alienadas jamais se envolviam. Sentia-me
assim uma pessoa que se colocava em uma posição mais virtuosa, pois, segundo me
ensinavam, era desse jeito que os homens de elevada estirpe deveriam se
comportar. E eram os grupos de esquerda quem, invariavelmente, organizavam essas
manifestações.
Marchei, gritei, apitei. O
resultado, porém, foi catastrófico. O movimento do qual fizemos parte teve como
grande resultado o escancarar das portas
da nação para que os ladrões e manipuladores tomassem o poder. Eles, então,
sequestraram o país. E, desde lá, veem implantando sua ideologia, sua falta de
princípios, sua irreligiosidade, seu estatismo sufocante e indecente.
Poderia dizer que fui traído, mas
não! Fui um idiota mesmo! Se, à época, tivesse lido mais, estudado mais,
prestado mais atenção, dado mais razão aos princípios que aprendi na infância,
não teria servido de massa de manobra desses que hoje dominam tudo no Brasil.
Se tivesse exigido que me
explicassem o que queriam, quais eram seus verdadeiros interesses, qual era sua
real visão da vida e da sociedade, talvez não tivesse sido conduzido por eles.
Se exigisse deles propostas concretas e não abstrações, nem eufemismos, que
servem apenas para inflamar corações, mas que não possuem conteúdo real, talvez
tivesse ficado no meu canto e não contribuído para o que estamos nos tornando.
Nem toda mobilização é positiva,
como nem toda aglomeração é má. Mas o que estão querendo? Essa é a pergunta que
poucos se fazem. E, se fizessem, com sinceridade, veriam que tudo é apenas
repetição de uma velha fórmula: uma liderança com sede de poder que usa uma
massa de jovens frustrados, instigando suas decepções e seus vazios, sem
promessas, sem propostas, apenas oferecendo, para eles, a chance de fazer parte
de algo que lhes dê alguma razão para suas vidas insossas.
Essas coisas ocorreram comigo em
1992.
E a história se repete...