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O invisível condutor misterioso

24 de novembro de 2013

A vida cristã começa com um tímido aceite de algo que não conhecemos bem, que não temos a mínima noção de sua potencialidade e que, quase sem percebermos, toma todo o nosso ser, penetrando em nosso espírito, se apoderando de nosso corpo e direcionando toda a nossa vida (Mt 13.31-32). Talvez esse seja o temor daqueles que até se sentem atraídos pelo chamado cristão, mas rejeitam ingressar em algo que cresce de tal maneira que foge ao controle deles mesmos.


O poder transformador da vida em Cristo é, antes de tudo, aterrorizante. Para quem cresce ouvindo sobre metas, planos, objetivos, provisões e cuidados, pensar em encontrar-se abandonado nos braços dos mistérios divinos pode ser paralisante. É por isso que muitos se afeiçoam do discurso cristão, admiram a figura de Cristo, mas poucos realmente têm coragem de lançar-se na nova vida proposta por ele. Na verdade, o medo os domina.

Os medrosos estão destinados ao Inferno simplesmente porque não tiveram a coragem de abandonar suas vidas. Ao tentar mantê-las, segurando-as firmemente em suas mãos, esperando ter o controle e a direção de seus destinos, acabam por perdê-las (Mt 16.25). Não deixar que o invisível os conduza é a covardia fatal.

Quem é nascido do espírito não pode dizer mais que sabe o rumo certo de sua vida. Ele agora é como o vento (Jo 3.8), sem conhecer perfeitamente de onde vem, sem saber exatamente para onde vai. E quem está disposto a largar-se assim nas mãos do invisível?

A vocação cristã é um chamado de fé (confiança), naquele que tem todas as coisas sujeitas a ele (Hb 2.8). E toda sujeição pressupõe abandono. O cristão não é mais dono de sua vida, mas está sujeito às determinações do Espírito. E quem sabe como o Espírito direcionará as coisas? Se tivéssemos olhos espirituais, se pudéssemos ver tudo como Deus mesmo vê, saberíamos o que fazer. Porém, como o que vemos o vemos apenas em parte (1 Co 13.12), resta-nos somente permitir que aquele que sabe todas as coisas conduza-nos com suas próprias mãos.

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