Análise e crítica ao artigo de Luiz Felipe Pondé sobre a tática do governo de impor sobre os médicos brasileiros a acusação de estarem lutando por reserva de mercado, no caso do Programa Mais Médicos.
Uma das características mais marcantes dos movimentos de esquerda é
saber aproveitar todas as situações, capitalizando-as segundo seus próprios
interesses. O socialismo é multifário e pode, ao mesmo tempo, defender pontos
de vista aparentemente antagônicos em favor de seus objetivos, fazendo com que
toda oposição, seja por qual lado ela vier, pareça sempre estar equivocada.
Considerando isso, o escritor Luiz Felipe Pondé, ao
sair em defesa dos médicos brasileiros que estão se manifestando contra a vinda
de colegas de profissão cubanos para trabalharem no país, por meio de seu
artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, chamado O
fascismo do PT contra os médicos, erra, principalmente, quando afirma
que essas manifestações não são por reserva de mercado. Com muita boa vontade,
o pensador faz grandes elogios à classe médica, porém, merecidos ou não, não é
essa a questão de momento.
É óbvio que essas manifestações são, sim, por reserva de mercado. Os
doutores brasileiros não estão levantando qualquer rejeição ideológica ou
racial (como muitos tentam fazer parecer). Eles, simplesmente, estão,
corporativamente, defendendo sua classe daquilo que consideram uma invasão
sobre o mercado de trabalho brasileiro.
Quando Pondé tenta dar outras cores para a reação médica brasileira, na
verdade, está entrando no jogo das esquerdas. Ora, se os gritos contra os
cubanos não são por causa de defesa do mercado, são por quê? Veja que essa é a
chance que o governo procura, pois é o idealizador de tudo isso, para dizer que
os médicos estão agindo ideologicamente, com xenofobia ou até racismo.
Como há tempos vem acontecendo, o governo petista tenta polarizar a
sociedade brasileira, criando um ressentimento entre as raças, entre as classes
sociais e entre as religiões. O que o Partido dos Trabalhadores tenta fomentar,
na verdade, é uma desestabilização social. Se o que ele quer é avançar em seu
plano de dominação, talvez tenha chegado a hora de movimentar as massas.
E não adianta gritar, como estão fazendo alguns médicos pelo país. Seja
como for, sua reclamação será tida por errada. Se eles estão defendendo seus postos de trabalho, e se isso pode parecer mesquinho (há controvérsias quanto a isso), não significa que o projeto governamental é virtuoso. Sabe como é: você faz uma
besteira, provoca uma reação do nível dessa besteira e depois diz que a reação
é a prova de que sua besteira está certa. E não há saída. Seja o que for falado contra, sempre será algo considerado errado. Se as reações são por reserva de
mercado, estão erradas; se são por causa de discriminação, mais errada ainda; se são por
racismo, pior. Não há oposição possível, pois o caráter fluido das ações
socialistas impede o debate franco. Quando um dos lados tem o domínio do poder e o monopólio da verdade, toda palavra contrária estará sempre equivocada.
Infelizmente,
nem o Pondé, nem ninguém pode, logicamente, desconstituir os interesses governamentais.
É como lutar contra a Hydra de Lerna, que a cada cabeça esmagada, tinha outra renascida no lugar. A única solução contra o governo brasileiro é a mesma de Hércules contra o monstro mitológico: decepar todas as cabeças de uma vez só. E nós sabemos o que isso significa.
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