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Eu, meu texto e o leitor

Diversas vezes tentei transformar a forma como me expresso nestas linhas. Por ter a impressão ininterrupta de rebuscar um pouco meus escritos, afastando, dessa forma, alguns tipos de leitores, me despertou um desejo de usar este espaço de maneira mais coloquial, transformando meus textos em conversas informais, imediatamente compreensíveis, sem a preocupação estética que é típica dessa forma de comunicação.

E por tantas vezes iniciei textos dessa maneira. Rabisquei ideias como se meus leitores estivessem ao meu lado, travando comigo uma conversa despretensiosa e desapegada da forma. Tentei trazer para as linhas a mesma informalidade que uso quando dou aulas ou palestras. Se lá funciona tão bem, aqui deveria funcionar também.

No entanto, invariavelmente, abandonava tais escritos antes de seu término. Sempre que escrevia dessa maneira, a sensação que tinha era de uma violação, de uma profanação. O texto escrito dessa forma me parecia um desrespeito. Lia o que havia posto em letras e me entristecia, tendo a impressão que transgredia uma norma superior. 

Percebi que, para mim, um texto é uma arte. Não importa apenas a ideia transmitida, mas como ela é exposta. A forma de uma obra escrita diz muito sobre quem o escreveu, quais suas intenções, como ele se relaciona com seus leitores e, principalmente, como ele os enxerga.

Me perdoem os amantes da singeleza, mas a beleza  do texto é fundamental.

Eu sei que alguns amigos reclamam que à vezes acham difícil entender o que escrevo (apesar de eu mesmo não considerar que meus textos sejam tão complexos assim). No entanto, se eu tento manter o nível de minha escrita um tanto mais elevada do que a média dos escrevinhadores virtuais isso não é pedantismo, nem petulância. Apenas respeito aqueles que graciosamente me acompanham, tratando-os não como estúpidos, mas como pessoas capazes de ler, entender e julgar o que escrevo.



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