06 de julho de 2013
Quando critico todo esse movimento de passeatas e reivindicações, uma das respostas que mais leio é: "Pelo menos estamos fazendo alguma coisa! E você, que fica aí sem fazer nada?". Ora, como assim fico aqui sem fazer nada? Estudo como um doido para tentar entender meu país e este mundo, leio livros para tentar elevar-me espiritualmente, tornando-me, dessa maneira, uma pessoa melhor, trabalho quase ininterruptamente para, além de sustentar minha família, construir algo de proveitoso para as pessoas e acabo, com isso, ajudando na prosperidade da nação onde vivo, compartilho ideias, dou aulas, escrevo artigos, tudo para tentar passar um pouco do parco conhecimento que venho adquirindo nesses quase quarenta anos de vida, aconselho amigos e outros nem tão amigos assim, na tentativa de livrá-los de uma vida intelectualmente medíocre e moralmente miserável, e ainda vêem me dizer que eu não faço nada? Apenas porque o carinha coloca um jeans surrado, uma camiseta de malha vagabunda, um tênis sujo e vai para a rua para ficar andando meio que sem direção, gritando palavras de ordem ditadas por outros, acha que está fazendo grande coisa? Só porque senta no meio da rua, impedindo as pessoas de exercer seu direito de ir e vir, acredita que está mudando o mundo?