28 de dezembro de 2013
As sementes plantadas há mais de 100 anos começam a dar seus frutos. O projeto de superação do cristianismo e da cultura promovida e sustentada por ele, após décadas de paciente labor para modificar o senso comum da sociedade, vai colhendo seus resultados, e cada vez mais abundantes. A mudança na sociedade é sensível. Temas que sequer eram abordados estão na pauta diária da mídia, princípios inegociáveis estão sendo abandonados rapidamente, o que era certo, agora é duvidoso e o respeitável está se tornando, para a mente coletiva, maléfico.
Minha percepção é que os cristãos adentrarão um período difícil de sua história. Um tempo de oposições ferrenhas se apresenta. Nele, os fracos sucumbirão e, se não abandonarem a fé como forma de acomodarem-se diante das exigências dessa nova sociedade, transformarão a religião em mera atividade exterior, sem princípios imutáveis, nem certezas definitivas. Mas, pelo menos aqui no Ocidente, essa oposição ainda não se dará por meio da coação física. Quando esta ocorre, pelo menos as intenções ficam claras e os posicionamentos também. O que já está acontecendo por aqui é, na verdade, uma perseguição sutil, quase velada, às bases que sustentaram a fé cristã até os dias de hoje. Para isso, há muito tempo o imaginário das pessoas vem sendo modificado, a fim de que elas enxerguem as manifestações cristãs como símbolo de algo prejudicial à evolução da sociedade. Dessa maneira, o cristão que defende valores imutáveis, não negocia seus princípios, crê em uma verdade absoluta e não aceita imposições que sabe imorais está, cada vez mais, sendo visto como um radical, uma figura retrógrada e inconveniente. A mente das pessoas está sendo reprogramada para esquecer os ensinamentos religiosos que fundamentaram a civilização por dois mil anos e não apenas aceitar, mas desejar as libertinagens e dubiedades deste novo mundo que se impõe.
Para chegar a isso, foram necessárias décadas de implantação de técnicas de manipulação coletiva, que vêm sendo colocadas em prática por meio da mídia, das artes e dos governos. São técnicas desenvolvidas em laboratórios, aprimoradas insistentemente, que permitem que massas de indivíduos sejam conduzidas a fazer e pensar exatamente como os manipuladores desejam. E apesar de boa parte das pessoas não acreditar nisso (o que faz parte da manipulação praticada), quem estuda um pouco sobre o assunto sabe que as técnicas estão avançadíssimas e os instrumentos disponíveis. E elas vêm sendo aplicadas em larga escala, lançando mão dos instrumentos modernos que permitem que uma multidão seja atingida quase ininterruptamente.
E nem mesmo os cristãos estão livres da influência oculta desses manipuladores. Pelo contrário, inseridos que estão na sociedade, vivendo e compartilhando seus bens, estão cotidianamente expostos às ideias e os pensamentos que são lançados na sociedade e que visam tornar o cristianismo superado. Assim, acabam, ainda que sem perceber, absorvendo muito da visão moderna da vida, repetindo, além do palavreado, as formas de pensar dessa sociedade metodicamente transformada. De fato, não é difícil encontrar pessoas que, ainda que aparentemente religiosas, defendam e até propaguem bandeiras anticristãs como se estas fossem modelos maiores de piedade. Por sofrerem, direta ou indiretamente, influência dessa manipulação coletiva que vem sendo aplicada há anos, sem perceber agem e pensam, muitas vezes, contrariamente aos princípios cristãos que sustentaram a sociedade até aqui. Assim, se deparar com padres comunistas, pastores gays e religiosos abortistas, por exemplo, se torna algo cada vez mais comum. E, na maior parte, estas aberrações se apresentam como se representassem atitudes cristianíssimas. O que é isso senão uma alteração extrema da forma de pensar possivelmente alcançada apenas por meio de um processo artificial?
Diante disso, aos cristãos que pretendem manter-se fiéis aos fundamentos de sua fé não basta lutar contra toda a parafernália ideológica existente. Pelo contrário, travar uma luta frontal contra um ataque invisível não me parece uma estratégia inteligente. Se fizer isso, apenas exporá suas fraquezas, que serão mais ainda exploradas até que sucumba definitivamente. É como querer lutar com demônios. E, neste caso, as Escrituras aconselham a resistir, até que eles desistam. Como anjos caídos, os senhores deste mundo têm aplicado métodos sutis de transformação do imaginário coletivo. A técnica é tão imperceptível, que mesmo um conhecedor das verdades fundamentais, quando exposto a elas, talvez não perceba que estão sendo aplicadas. As manipulações são feitas, muitas vezes, por meios subliminares, outras provocando dissonâncias, outras estimulando contraditoriamente e, por vezes, até por hipnoses através de transes leves. Tudo imperceptível para o observador não treinado.
Portanto, para quem tem a firme decisão de ser o minimamente possível influenciado pelos manipuladores modernos, há apenas duas atitudes complementares: a primeira é o aprofundamento no conhecimento e compreensão da própria fé e dos princípios que a fundamentam, acompanhado de uma intensificação das atividades espirituais próprias dela. Por incrível que pareça, o que demonstra que o que está por aí é realmente obra demoníaca, as técnicas de manipulação não são eficazes até o ponto de fazer a pessoa negar a própria fé ou tirar a própria vida (o que me faz lembrar da permissão que Deus deu ao diabo para tentar Jó, porém sem poder levá-lo à morte) A segunda atitude é negar o máximo possível as manifestações culturais e midiáticas oferecidas. Se não é aconselhável simplesmente fugir, desligando-se do mundo, o cristão pode substituir o que é apresentado pelas agências de informações por notícias e matérias colhidas por jornalistas independentes de verdade. Quanto ao show business, o melhor é absorver alta cultura, boa música, literatura de bom nível e livros de pensadores realmente superiores. Tudo isso para que, de alguma maneira, pelo menos na vida daqueles que praticarem isso, os efeitos da manipulação sejam minimizados.
Nota: leia, sobre o assunto, este artigo do Olavo de Carvalho - "Armas da Liberdade"
*****
Nota: leia, sobre o assunto, este artigo do Olavo de Carvalho - "Armas da Liberdade"
Fabio, este texto fala exatamente o que já tenho visto. Pessoas que antes se declaravam crentes e tinham um posicionamento ativo referente aos valores de Deus para a humanidade estão sucumbindo ao relativismo bíblico. Um assunto específico tem sido rotina aos meus olhos devido às atividades que desempenho nas igrejas, cristãos se envolvendo com a prática da homossexualidade e bissexualidade. Passam a relativizar tudo para atender os desejos egocêntricos do coração.
ResponderExcluirNão esqueçamos que, de alguma maneira, a igreja também reflete a sociedade na qual ela está inserida.
ExcluirNa minha opinião, esta não é simplesmente a luta de Bandidos contra Mocinhos. Nós, cristãos, temos muita culpa. Será que não existe nenhuma relação entre o enfraquecimento da fé, com a entrega de suas vidas que muitos cristãos estão fazendo a esta civilização prazerosa da prosperidade e das geringonças eletrônicas? Não é mais gostoso ficar no computador o fim de semana inteiro, postando no face, do que conversar com os filhos e educá-los? Quem se preocupa em saber diariamente o que seus filhos estão lendo e ouvindo dentro da escola, e fazer correções e alertas ? É melhor ir ao shopping, pois quem deve educar nossos filhos é o professor, certo?
ResponderExcluirExiste um movimento orquestrado para enfraquecer a fé cristã no Ocidente? Existe! Mas NADA poderiam se nossa fé ainda estivesse fortalecida.
Robson La Luna di Cola
Os cristãos são muito culpados por tudo isso.
ExcluirParabéns pelo artigo, tenho comentado em outros artigos e peço permissão para comentar aqui. _O Projeto de Deus inclui a salvação do homem através da morte e ressurreição de Jesus Cristo, quando se fala em ala esquerda evangélica, ala esquerda católica, teologia da libertação,etc,etc,etc, evidencia-se o envolvimento e alienação, falta de discernimento ou até mesmo cumplicidade. como alguém que se diz Cristão pode apoiar e votar em uma ideologia que na sua base nega Deus, luta escancaradamente contra princípios cristãos, tão claros que se torna desnecessário comentá-los."Que comunhão a da Luz com as Trevas?". O sistema religioso, político e econômico tem velocidade e competência, mas aquele que perseverar até o fim ,esse será salvo. O arrebatamento esta as portas, Jesus vem buscar sua igreja. grato.
ResponderExcluirEssas ideologias são todas materialistas. O transcendente e o porvir são praticamente ignorados por elas.
ExcluirQue texto! Você foi na ferida!
ResponderExcluirLi seu artigo no Mídia sem Máscara e fiz questão de passar por aqui e deixar uma mensagem.
Pretendo visitá-lo mais em 2014. Parabéns e muito obrigado pelo texto.
Feliz Ano Novo!
Claudio Vaz
Obrigado, Claudio.
ExcluirTexto impecável!!! também o li no site mídia sem máscara. O relativismo religioso, fruto dessa reprogramação mental mencionada no artigo, incomoda-me bastante. As pessoas não conhecem sua própria fé e repassam a terceiros ideias erroneas sobre o cristianismo/catolicismo que vão se transformando em verdades contrárias à sã doutrina. Sinto vontade de lutar contra isso, mas me sinto muito impotente. Quando escuto alguma aberração doutrinária sobre o cristianismo, tento alertar a pessoa sobre o engano, mas olham para mim como se eu fosse a equivocada na situação, tamanha é a cegueira das pessoas. Ao ler artigos como seu, sinto-me melhor ao constatar que não estou só no meu modo de ver a realidade atual.
ResponderExcluirA superficialidade é o primeiro mal que acarreta todos os outros.
Excluir